Apesar da invasão argentina com o tango pelos salões do Rio nos dias
de hoje, o ritmo está mais presente do que se imagina na história da Música Popular Brasileira. Por aqui, o tango deu origem ao maxixe e, mais para frente, ao choro.
“O
tango quando surgiu tanto no Uruguai, Argentina e até no Brasil, era
uma mistura de valsa, polca, habanera com a cultura africana”, conta Ney
Homero, autor do livro “Tango – Uma Paixão Porteña no Brasil”, que
aponta Ernesto Nazaré e Chiquinha Gonzaga como os pioneiros do ritmo no
Brasil. Segundo ele, a maior produção nacional aconteceu entre 1870 e
1895, época em que, só Nazaré tinha mais de 90 partituras de tango.
“O
que se chamava de tango brasileiro era o que depois veio a ser o
chorinho, com o compasso quaternário e instrumentos como cavaquinho,
pandeiro e clarinete”, explica Ney. Enquanto isso, na Argentina, o ritmo
evoluiu pela cultura rio platense e caracteriza o que hoje conhecemos
como tango propriamente dito.
Bandoneón foi da Alemanha para Argentina“Lá
eles usam o bandoneón, que é aquele instrumento parecido com uma
sanfona, e que foi levado da Alemanha para Buenos Aires,
coincidentemente por um brasileiro. Aí começa a entrar o piano e o
violino e adquire uma característica portenha”, explica Ney.
Em
1910, os argentinos consagram o tango em Paris e começam a disseminá-lo
na Europa. “Nesse meio tempo o Brasil parou, o tango não entrava mais
aqui. E, quando voltou, já tinha essa característica da cultura
argentina. Hoje os argentinos têm adoração pelo chorinho e os
brasileiros pelo tango”, diz o tangueiro.