O samba-rock é uma típica manifestação
popular: espontâneo, criativo e, ao mesmo tempo, embora seja um fenômeno
de massa, completamente alternativo. Na nossa indústria cultural, toda e
qualquer manifestação nascida na periferia e de difícil rotulação acaba
crescendo e se criando sozinha. No caso do samba-rock, o grande
diferencial é que, ao contrário do que se pensa, esse swing contagiante
não é um gênero musical, e sim, um estilo de dança!
No final dos anos 60, na cidade de São
Paulo, a população dos bairros periféricos da capital e do interior de
São Paulo realizava muitas festas familiares que, originalmente, eram
batizados, aniversários, noivados ou casamentos, mas sempre se
transformavam em bailes.
Não demorou muito para que esses bailes
invadissem os salões e danceterias, e, assim, nasciam os bailes
nostalgia. Em um baile nostalgia, evento em que a dança samba-rock é
predominante, toca-se vários gêneros musicais, como o rock´n´roll, o
mambo, o soul, o samba, o jazz e o rithm´n´blues, todos ritmos populares
nos anos 50 e, principalmente, nos anos 60 e 70. A confusão que fez com
que a dança samba-rock fosse confundida com gênero musical começou
quando, além de todos estes ritmos, nasceu também um estilo, uma batida,
sincopada e com um swing irresistível: o mundo conhecia o “samba
esquema novo” de Jorge Ben. Não era samba, não era rock, não era bossa
nova, e era tudo isso ao mesmo tempo. Exatamente por isso, Jorge foi
incompreendido pelos sambistas da época, era Jovem Guarda demais, pelos
puristas da MPB, era rock demais… Pós-bossa nova, pré-tropicalismo, era o
máximo.
Nas periferias de todo o Brasil caiu
como uma bomba, principalmente no eixo Rio-São Paulo, onde os bailes já
conheciam o jeito de se dançar inspirado nos passos marcados do funk e
do soul, à la Black Power, misturada com os passos de rock´n´roll
conhecidos nos filmes da sessão da tarde, à la “Nos Tempos Da
Brilhantina”e, no Brasil, tudo isso ganhou o molho do samba e pronto,
nascia a nova dança, o samba-rock! Embora os passos servissem para se
dançar de tudo que os DJs da época tocavam, a verdade é que aquele som
novo que Jorge Ben tinha inventado, caiu como uma luva naquele jeito
gostoso de se dançar a dois. Daí, convencionou-se chamar o estilo de
batida que ele inventou e que influenciou outros artistas, de
samba-rock, daí a confusão de rotular assim o estilo de Jorge Ben,
Bebeto, Cravo e Canela, Clube do Balanço, Luís Wagner, Marku Ribas e
tantos outros.
É necessário que se compreenda essa
definição de samba-rock quanto “dança”, e não quanto um gênero musical.
Para que com isso, se evite a saturação do estilo genial criado por
Jorge Ben e se valorize ainda mais o samba-rock quanto expressão
corporal, que é a sua real importância como um bem cultural dos negros
de São Paulo, onde a dança nasceu e se popularizou, não só na capital,
mas em todo o interior do Estado. Sendo mais tarde exportado no Brasil e
mundo afora, dando lições de habilidade, talento e criatividade, e
principalmente de orgulho e auto-estima elevada, já que além de swing, o
verdadeiro(a) apreciador(a) do samba-rock e frequentador(a) dos bailes
nostalgia preza a elegância, a beleza, o charme, a vaidade e o
desenvolvimento cultural e intelectual.
http://www.doladodeca.com.br/2011/05/24/a-historia-do-samba-rock/